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Valim, PatríciaCombates pela História da Conjuração Baiana de 1798: idéias de crise e revolução no século XXEste artigo analisa o processo de construção da memória da Conjuração Baiana na historiografia, desde meados do século XIX até o final do século XX. Constatamos que o evento foi reputado pela historiografia oitocentista como sendo uma anomalia social habilmente abortada pelas autoridades régias. Sob a pena dos intelectuais do século XX, entretanto, o evento foi considerado como a mais popular das revoltas que antecederam a emancipação política do Brasil, em 1822. Percebe-se que a pena histórica encarregou-se não só de alargar as bases sociais do evento, como, a partir de uma inversão historiográfica dos pólos das análises, o transformou em um dos tournants da nossa história nacional. Este artigo é a história de um evento pátrio cujo legado simbólico de seus protagonistas é retomado de tempos em tempos e parece ser destinado a servir de instrumento privilegiado para a reflexão em distintas conjunturas.
Valim, PatríciaDa contestação à conversão: a punição exemplar dos réus da Conjuração Baiana de 1798Condenados por conspirarem contra a monarquia portuguesa, na ensolarada manhã do dia 8 de novembro de 1799, quatro homens livres, pobres e pardos foram enforcados na Praça da Piedade, na cidade de Salvador. Graças aos relatos de um carmelita descalço, frei José do Monte Carmelo, sabe-se atualmente como foram os momentos finais dos quatro réus condenados à pena capital pelo crime de lesa-majestade. Para além de relatar o suplício daqueles quatro homens, o relato do carmelita suscita duas questões importantes acerca do conhecimento que se tem atualmente da Conjuração Baiana de 1798. A primeira é a posição de um religioso cristão em relação às forças diametralmente opostas no final do século XVIII: razão / revelação; liberdade / despotismo; natureza / civilização; moral / política; luzes / trevas. De- pois, ao resgatar o drama do enforcamento dos quatro réus, arrependidos em praça pública, por terem ouvido as ideias de liberdade e igualdade, o carmelita descalço afirma em sua narrativa que não foram eles os únicos culpados no “deli- to de sublevação”, sugerindo ter havido iniquidade do poder local em relação à circunscrição social do evento. É o que se apresenta neste artigo.
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